Não à farsa eleitoral


Colectivo Bandeira Vermelha

Agora que se aproxima o fim a campanha eleitoral para o Parlamento Europeu e vamos entrar no chamado “período de reflexão”, é altura de pensarmos se vale a pena dar o voto a algum dos partidos concorrentes.

Votar é escolher e aqui nada há a escolher. Então, para quê votar?
Se nesta campanha, como nas anteriores, não houve esclarecimento nem debate, nem confronto de programas, é porque não há nada a decidir. É porque tudo já está decidido há muito por quem não foi eleito – pelos grandes capitalistas, pelo BCE, ECOFIM, Comissão Europeia e pelos seus empregados nos grandes partidos, sem nos pedirem opinião.
Por isso tudo se ficou, mais uma vez, pelas inócuas juras de fidelidade ao “projecto europeu” (seja isso o que for) e à NATO e pelas baboseiras justificativas do prosseguimento da carnificina na Ucrânia “porque o Putin, se ganhar a guerra, vai invadir a Europa”, complementadas, como é da praxe, pelas inflamadas declarações de apego aos valores humanistas, aos direitos das mulheres e das minorias, ao bom acolhimento e protecção dos imigrantes, mais a ecologia e a extrema-direita, e outras coisas que fica sempre bonito dizer.
O Parlamento Europeu não serve para defender interesses populares nenhuns; é só um ornamento de luxo destinado a dar cobertura e um ar democrático aos grandes negócios. O voto que nos pedem é a forma de nos atrelar à máquina que nos vai explorar ainda mais.
Para os trabalhadores, o Parlamento Europeu é uma inutilidade. Por isso não admira que a campanha eleitoral se tenha transformado numa feira onde se compram votos e favores, numa espécie de concurso televisivo onde as “habilidades” dos candidatos são pontuadas por “comentadores” que passam horas a explicar-nos o que os candidatos queriam dizer e o que devemos pensar. Uma campanha feita de breves ajuntamentos para fazer o “boneco” para os telejornais diários, onde se lançam uns ditos “orelhudos” e se encenam espectáculos a armar ao popular, onde os cabeças de lista ensaiam uns passos de dança, cantam, bebem uns copitos e distribuem beijos e abraços com os que se prestam a isso.
Com toda esta “banha da cobra” há quem lamente o “desprestígio das instituições”. Nós dizemos: é bom que as instituições se desprestigiem, para que os trabalhadores entendam melhor a necessidade de acabar com esta miséria e criar uma nova ordem social.
Mesmo sabendo que o seu voto não vai influenciar os assuntos da UE, há quem ache necessário votar num dos partidos da oposição, uns para penalizar a AD (PSD/CDS), outros a AD e o PS.
Claro que é bom que os partidos do chamado bloco central, aqueles que nos têm governado desde a instauração da democracia, por vezes coligados com outros partidos menores, levem com o chamado “cartão vermelho”. O problema é que o PSD, PS e CDS estão protegidos pelo grande capital e não serão os votos numa esquerda ordeira (BE, PCP, Livre) nem numa extrema-direita (Chega e IL), igualmente acarinhada e apoiada pelo grande capital, que terão força para interromper a dinâmica fascizante e anti-trabalhadores da União Europeia.
Mais importante que dar votos a este ou àquele partido da oposição, é não dar aval à farsa que é este Parlamento, não indo votar. Mais importante que mostrar o “cartão vermelho” à AD, ao PS, ao Chega e à IL, é impedi-los de governar. O que só se conseguirá quando as lutas dos trabalhadores lhes der combate diário e lhes fizer a vida impossível.
Por isso, a campanha que interessa aos trabalhadores não é a da corrida aos votos para o Parlamento Europeu, mas uma outra que ponha a nu o estendal da mentiras que são estas eleições, que alerte os trabalhadores portugueses, europeus e imigrantes, para os seus verdadeiros interesses, que são lutar contra os patrões, os seus governos e partidos burgueses.

Não ao circo de luxo do Parlamento Europeu
Sim à luta operária contra o Capital!

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